Como conseguir um trabalho remoto quando você está concorrendo com centenas de candidatos de todo o mundo? Antes de buscar um trabalho remoto, leia com atenção as nossas dicas.

Em toda a minha vida profissional, devo ter alguns meses registrados em carteira de trabalho — de uma forma ou de outra, sempre optei pelo trabalho remoto. Desde os meus 21 anos tenho agência de comunicação, e meu foco sempre foram as grandes e médias empresas. Lidando de perto com os times de Recursos Humanos e Marketing dessas corporações, vejo uma crescente dificuldade em contratar novos profissionais. As pessoas estão cansadas de escritórios fechados, horários de trabalho rígidos e tempos de deslocamento irracionais.

Em resposta a esse desejo crescente de alcançar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, as oportunidades de trabalho remoto e as empresas com equipes distribuídas ao redor do mundo têm aumentado exponencialmente. Eu mesma estou hoje sediada em Portugal, tenho funcionários em Portugal e no Brasil (cada um em uma cidade diferente) e clientes no Brasil, Inglaterra, Espanha, Alemanha, Suécia — além de tocar projetos na América Latina.

Há, no entanto, uma questão importante: como conseguir um trabalho remoto quando você está concorrendo com centenas, ou até milhares, de candidatos de todo o mundo? Essa é uma questão que ganhou ainda mais relevância nos últimos dois anos, quando muito mais gente ao redor do mundo descobriu as vantagens de trabalhar a partir de casa. Assim, antes de buscar um trabalho remoto, leia com atenção as dicas abaixo.

1. Cuidado para não sacrificar qualidade pela quantidade

É tentador enviar o seu currículo para todas as vagas que remotamente (olha o trocadilho!) se encaixam na sua experiência. Infelizmente, as pessoas que usam esse método geralmente escrevem uma carta padrão e saem disparando para todos os potenciais clientes ou empregadores.

Você não vai se destacar dessa forma. Em vez de enviar seu currículo para 20 vagas por dia, foque naquelas que realmente deseja e faça abordagens mais assertivas. Vá fundo no que quer, em vez de ser superficial com muitos.

Isso também é válido quando há diversas posições em aberto na mesma empresa. Você pode se candidatar a mais de uma vaga, se estiver qualificado para cada uma delas. No entanto, não se candidate a mais de três posições, principalmente quando forem em atividades muito diferentes umas das outras. Concentre-se na sua experiência e no valor que pode trazer para a equipe e comunique isso claramente.

Ir a fundo em algumas empresas significa dedicar tempo e esforço extras não apenas à sua candidatura, mas também à rede de contatos. Crie conexões com os membros da equipe na qual você deseja trabalhar e encontre oportunidades para interagir com eles nas redes sociais. Demonstre que você está genuinamente interessado no que eles fazem. Além de virar o radar da empresa para o seu lado, você poderá ter acesso a informações que serão importantes durante o processo de contratação.

2. Faça uma pesquisa adequada antes de se candidatar

Essa pergunta aparece em todos os processos de contratação: por que você quer trabalhar aqui? E você só poderá ter uma resposta coerente se tiver feito a lição de casa: uma extensa pesquisa sobre a empresa.

Quais são os valores da organização?

Ela tem uma missão? Qual é?

Quais são os objetivos da empresa para os próximos anos?

Qual é a origem da empresa? Onde e quando ela foi fundada?

Quem é o gerente de contratação para esta posição?

Qual a cultura da organização?

Todas essas respostas, com certeza, estão a um Google de distância. Pesquise o site da empresa, suas redes sociais, eventos em que os principais funcionários participaram. Você pode até mesmo configurar um alerta do Google para a empresa e seus fundadores, assim fica por dentro de tudo o que for publicado.

Sites como o Glassdoor também podem ajudá-lo a ver o que os atuais e os ex-funcionários têm a dizer sobre a empresa. Embora você não deva basear a sua opinião em avaliações individuais, estas podem lhe dar subsídios para escrever uma carta de apresentação convincente ou mesmo levantar dúvidas durante a entrevista.

Acho que já deu para perceber que se candidatar para uma empresa com funcionários distribuídos ao redor do globo não é muito diferente de uma empresa tradicional. Na verdade, eu diria que você deve fazer ainda mais pesquisas e mostrar que está interessado no modelo de negócios, no produto e na cultura da empresa, e não mostrar que o trabalho remoto é o seu principal motivador.

3. Dê atenção à carta de apresentação

As empresas normalmente solicitam uma carta de apresentação acompanhando o currículo. Seu CV informa à empresa o que você fez no passado, e a carta deve trazer os seguintes aspectos:

  • Por que você está interessado na vaga
  • Qual será a sua contribuição para essa empresa

Mesmo que não seja solicitado, escreva a carta de apresentação. O motivo por trás da sua candidatura é fundamental em todas as posições, mas ainda mais para uma empresa cujo trabalho é remoto. Em uma organização que não dispõe de um local físico para facilitar o desenvolvimento da cultura organizacional, é importante que todos compartilhem valores mútuos e sejam motivados pela mesma missão.

Outra finalidade da carta de apresentação é ajudar as empresas a conhecerem suas habilidades de comunicação escrita. No trabalho remoto, onde a comunicação assíncrona é fundamental, as interações são basicamente por meio de textos.

Vale lembrar que uma carta de apresentação genérica é quase tão ineficaz quanto nenhuma carta de apresentação. O “copy + paste” não vale aqui. Se uma carta de apresentação puder ser utilizada para várias candidaturas, ela é genérica.

Seja específico. Afinal, você já fez uma extensa pesquisa sobre a empresa e sobre a posição que deseja, não é mesmo? Muitos candidatos desperdiçam a oportunidade de se destacar porque colocam na carta um resumo do seu currículo, e não a forma como pretendem contribuir com a empresa para a qual estão se candidatando. Se você sentir necessidade de resumir o seu currículo, faça os ajustes diretamente nele, não na carta de apresentação.

Aqui na MakeAll.Digital, por exemplo, temos um formulário com várias questões que enviamos aos candidatos, com perguntas adaptadas à vaga a qual se candidataram. Mas a última questão é sempre a mesma: Por que você quer se juntar ao nosso time? Faça seu marketing pessoal! É uma forma de incentivarmos a pessoa a escrever sua carta de apresentação.

Por outro lado, uma boa carta de apresentação pode até mesmo substituir o currículo quando você ainda não tem experiência profissional para mostrar. Eu fiz isso com 14 anos de idade. Queria experimentar a profissão de jornalista, vivenciar o dia a dia antes de entrar na faculdade. Escrevi sobre essas minhas intenções para todos os “dois” jornais da cidade em que morava, no interior de São Paulo, e OS DOIS me chamaram: um para ser revisora (modéstia à parte, eu já escrevia bem naquela época) e o outro para atuar junto com a equipe de jornalismo, fazendo a produção das pautas. Fui para o segundo e fiquei por lá dois anos, até entrar na faculdade e mudar de cidade. Eu não tinha nem mesmo iniciado o curso universitário, mas fui aceita por conta da carta que escrevi!

4. Não destaque demais o seu desejo de trabalho remoto

Não há como negar o apelo e os benefícios de trabalhar remotamente. E não há problema em você reconhecer que gosta de trabalho remoto, mas há uma linha tênue entre fazer isso e deixar claro que sua principal motivação é trabalhar em casa ou viajar pelo mundo. Principalmente quando você está se candidatando a um trabalho fixo.

Por outro lado, demonstrar a sua capacidade de trabalhar de forma independente, com produtividade e organização, e enquadrá-la em um acordo de trabalho flexível é sempre uma vantagem. Como o trabalho remoto vai ajudá-lo a desenvolver seu melhor potencial para a empresa para a qual está se candidatando? Responder a essa pergunta é mais importante do que dizer porque você gostaria de trabalhar em casa.

Se você já teve experiência em um trabalho remoto, tire proveito disso e explique que você tem o conjunto de habilidades necessárias para prosperar sem supervisão. Se você nunca teve um trabalho remoto, demonstre que possui fortes habilidades de comunicação, capacidade de trabalhar de forma autônoma e responsabilidade.

5. Não deixe que as entrevistas sejam unilaterais

Parabéns, você conseguiu uma entrevista! Já está mais próximo de conseguir o emprego remoto que deseja. Como em qualquer entrevista, você terá de responder a uma série de perguntas sobre sua experiência passada e futuras ambições. E é a melhor oportunidade para colocar tudo na mesa.

Demonstre seu conhecimento, mostre que tem ética no trabalho, é transparente e comunicativo — essas são habilidades essenciais para um trabalho remoto.

Lembre-se, também, que a entrevista é o momento de você descobrir se realmente aquele trabalho é para você. Por isso, prepare um conjunto de questões sobre a empresa e o cargo. Não aquelas que você pode ter respondidas com uma pesquisa pela internet, mas sim algumas perguntas que mostrem ao entrevistador que você foi a fundo na empresa. Fazer perguntas que estão respondidas na homepage da empresa é um erro fatal. Por outro lado, referir-se a fontes específicas que geraram suas dúvidas pode agregar credibilidade ao seu interesse pela empresa.

Deixar a entrevista fluir em mão dupla, respondendo e perguntando, mostra que você está investindo o seu tempo para conquistar aquela posição.

6. Saiba lidar com a rejeição

Infelizmente, apenas um candidato conquista o emprego. Depois de investir tanto tempo naquela candidatura, é frustrante receber um e-mail de rejeição ou, pior ainda, nenhuma resposta. Alguns candidatos fazem manifestações de desagrado, por e-mail ou mesmo nas redes sociais, e isso pode acabar com suas chances de serem considerados para vagas futuras.

Em vez de responder de maneira que você possa se arrepender, use a oportunidade para pedir feedback. Nem todas as empresas respondem, mas você não tem nada a

perder se perguntar. E na melhor das hipóteses, você pode receber um feedback valioso que o ajudará a se candidatar a uma nova oportunidade ou se inscrever novamente na mesma empresa. Pedir feedback também demonstra que você tem uma mentalidade de crescimento.

O feedback geralmente tem uma intenção positiva — tentar ajudá-lo a melhorar, mostrar suas lacunas em conhecimento ou pontos fracos. Dessa forma, você pode se entender mais, refletir e trabalhar para melhorar suas habilidades.

Se você achar que está recebendo muitas respostas negativas, reserve um tempo para avaliar porque isso está acontecendo.

  • Você está se candidatando a funções que estão muito além de sua experiência ou conjunto de habilidades?
  • Está claro na sua candidatura por que você está se inscrevendo?
  • Você está cometendo consistentemente o mesmo erro na candidatura ou na entrevista?

Solicitar feedback pode ajudá-lo a identificar qualquer problema na sua abordagem para corrigi-lo antes de se candidatar novamente.

Espero que todas essas informações possam motivá-lo a buscar seu emprego remoto. A grande maioria dos candidatos comete muitos desses erros básicos. Se você seguir esses princípios, já vai sair na frente.

Digo isso como entrevistada e como entrevistadora, porque estou sempre dos dois lados da mesa. Já tive clientes que levaram cerca de um ano em negociações até me contratarem, mas ao final permaneceram comigo por mais de oito anos. Mostrar o valor que posso agregar às empresas, mesmo como uma consultora externa, tem sido ao longo dos últimos 35 anos minha maior ferramenta para conquistar clientes. Faça isso por você também!

 

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